terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Lulofobia

Eu pensei que tinha inventado um termo original para designar o que algumas pessoas e setores da grande imprensa brasileira demonstram em relação ao presidente Lula, mas o google demonstrou que minha originalidade mais uma vez era ilusória.

Não apenas o emérito professor Dalmo Dallari já usou o neologismo como a própria direita já o assumiu, através do blog de seu papagaio-mor Reinaldo Azevedo.

Mas eu não me dei por vencido e tratei de inventar um outro termo, desta vez usando minha erudição e meus amplos conhecimentos greco-latinos, além de normas de nomenclatura científica.

Confiram: teuthidafobia! Medo, ódio, ojeriza de lula. É o mal que acomete parte dos cidadãos brasileiros, coisa que é rara em outros países, na Espanha por exemplo.

Podem pesquisar no google. Ninguém mais usou isso. Eu sou o primeiro e único até que alguém prove o contrário.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Matou a pau

Essa é do Miguel do Rosário:

"É preciso olhar em volta, respirar fundo e, pela primeira vez na vida, ter coragem de botar seus derradeiros neurônios para funcionar com independência. O povo pobre é ignorante, mas tem um estômago do mesmo tamanho e peso que o do fulaninho formado na Uniban. E qualquer alquimista contemporâneo sabe que uma decisão tomada com base no vazio estomacal pode ser tão ou  mais inteligente do que outra feita sob efeito do excesso de lagosta e champagne."


Leia o texto na íntegra.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Culpa do Lula

O Lula é o culpado.

No último sábado fomos a um shopping em Ribeirão Preto, eu e minha família. Estava lotado. Foi difícil encontrar vagas no estacionamento, que passou a ser cobrado há coisa de alguns meses. Para minha surpresa e alegria dos administradores do shopping a cobrança do estacionamento não desestimulou o movimento. O consumidor não se importou de gastar alguns reais a mais. Tivemos que estacionar longe e caminhar bastante para chegar à entrada do shopping, um dos maiores do estado.

Pesquisas recentes mostram um crescimento na renda do brasileiro médio. Culpa do Lula. Milhões de brasileiro ascenderam socialmente nos últimos anos. Maldito governo Lula. Isto se reflete diretamente no movimento dos shoppings. Por causa do nosso presidente eu precisei rodar alguns minutos até encontrar uma vaga.

Enquanto o mundo vive a ressaca da bolha imobiliária nos EUA o Brasil registra crescimento econômico e incremento no consumo. Este fim de ano será um deus-nos-acuda. Estão falando na possibilidade de faltarem produtos da linha branca de eletrodomésticos. O Lula é culpado de máxima culpa. Este país está irreconhecível. Não era assim nos auros tempos dos governos tucanos. Shopping era coisa para poucos. Hoje qualquer um vai ao shopping, até eu, e ainda paga estacionamento.

Aliás, falando em estacionamento, outra culpa do atual governo é sobre o crescimento da frota de veículos novos e semi-novos. Qualquer assalariado pode trocar de carro! Naqueles tempos não era assim. Lembro que foi um sacrifício, em 1999/2000, trocar meu Fiat 147 ano 1979 por Gol BX ano 1985. Hoje esse Lula facilitou demais as coisas. Assim não dá.

Dizem que há pessoas que não foram beneficiadas pelo atual governo. Se houver mesmo, trata-se de uma minoria tão insignificante que seria incapaz de atrapalhar os planos de sucessão presidencial. Parece que não poderemos contar com algum movimento representativo que possa forçar uma volta aos bons tempos do tucanato. A privatização da Petrobras continuará a ser um sonho distante. Principalmente agora que um dos mais importantes aliados do PSDB, que era um dos modelos de administração da oposição, não pode mais participar do movimento de oposição ao governo popular do Lula.

É uma pena. Pena de tucano.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Salve os oceanos

Hoje vi numa loja um banner onde estava escrito "salve os oceanos", com uma imagem de fundo qualquer de que não me lembro exatamente . Texto de marketeiro. Eles apreciam muito usar esses imperativos. Sempre vêm com algum "faça isto", "faça aquilo". Preste atenção em como abusam dos imperativos. Querem provocar uma reação no consumidor de forma que vinculem seu produto a uma atitude "positiva". Seus esforços mais recentes pretendem agregar (para usar um termo que eles adoram) a idéia de sustentabilidade, a vedete dos últimos anos.

Quem faz uso desses recursos, se estivesse de fato interessado na saúde das águas e da fauna marinha, nunca diria algo como "salve os oceanos". Quem lê isto é induzido a sentir-se na posição de um algo messias verde. "Se eu quiser posso salvar os oceanos. Vou pensar. Agora tenho um compromisso. Depois eu salvo".

É ridículo.

Acho que o efeito seria outro se estivesse escrito: "pare de jogar lixo no mar, imbecil!". Ou, melhor ainda: "PARE DE JOGAR LIXO NO MAR, IMBECIL!!!!!!". Porém, a peça publicitária não serviria para agregar (olha o agregar de novo) valor ao produto, que é, afinal, o objetivo da campanha.

A saúde dos oceanos é um acessório.

Sossego

Ora, bolas, não me amole com esse papo de emprego. Não está vendo? Não estou nessa. O que eu quero é sossego.
Do mestre Tim Maia.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Dilema ético

Se você sacaneia um cara bom, você é um filho da puta.
Se você sacaneia um filho da puta, você é um cara bom!
Logo, a sacanagem em si não é má.
Ora, mas não existe algo "em si".
Tudo é relativo. Albert já ensinou.
Depende do momento, da perspectiva.
Cada caso é um caso.
A existência! Existimos antes de sermos.
"A existência precede a essência", ensinou Jean Paul.
Tudo é contingente.
A mecânica quântica...
Sacanear ou não ser, eis a questão.
Terminei parafraseando William.
Eu acho.

sábado, 4 de julho de 2009

Rest in peace, Michael

A geração anterior à minha foi abalada pela morte de Elvis Presley exatamente três meses antes de eu nascer.
A minha geração está perplexa por outra morte no mundo da música. Ídolos como Elvis e Michael são do tipo que causam em todos nós a idéia de que nunca morrerão. Quem não conhece o velho ditado de mais de trinta anos: Elvis não morreu? E Michael, terá morrido mesmo?
Ainda não digeri a morte de Michael Jackson. Outro dia acordei no meio da noite e ocorreu-me aquele flash, com a consciência ainda adormecida: Michael está morto! Sensação esquisita.
E o que é que eu tenho a ver com isso meu Deus!
Nesse mundo em que vivemos é impossível não ter nada a ver com a morte de um semideus como ele. Como bem disseram o Gessinger e o Brabo, o pop não poupa ninguém.
O pior de tudo é saber que nós o matamos.
A bênção da fama é a maldição dos famosos.
Michael, Elvis, Morrison, Hendrix, Lennon, Marilyn, Elis, Maysa, Cazuza...
Agora fica aqui o reconhecimento de um talento excepcional. Nunca mais haverá outro Michael Jackson, mas certamente faremos ainda outras vítimas, na proporção de sua fama.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Menos por mais

Qual será o futuro das embalagens de produtos de supermercado?
Além de emporcalharem e entupirem o lixo daqui de casa vejo que daqui a pouco elas conterão uma quantidade tão mínima do produto que vão acabar ficando mais caras que eles. Minha cidade possui coleta seletiva, ainda bem. O lixo reciclável que minha família (2 adultos e 1 criança) produz é considerável. Tudo embalagens. Eu as detesto. Cada produto tem duas ou três. É um absurdo uma caixa de bis(R) ter: uma embalagem geral, mais uma caixinha de papelão e mais dezenas de papéizinhos embalando cada chocolatinho...
É a cultura do hiperembalamento (com ou sem hífen ??).
Agora a moda é reduzirem a quantidade do produto embalado. Ficou frequente a gente se deparar com mensagens dizendo que reduziram de 100g para 90g. De 90g para 85g. De 85g para 83g...Aonde isso vai parar?
É uma forma sorrateira e disfarçada de aumentarem os preços. Afinal, compramos cada vez menos mercadoria pelo mesmo custo.
Não se surpreenda se você for morar no estrangeiro e, retornando, encontrar sabão em pó em uma caixinha do tamanho de uma caixa de fósforo, ou encontrar um prestígio(R) do tamanho de um bis(R). As caixas de bis(R) terão 3 unidades.
Aliás, outra tática recente da indústria é aumentar o tamanho das embalagens externas para dar a impressão de que a quantidade de produto é proporcional. Não se engane. Dê uma chacoalhada e você perceberá que dentro da caixa tem muito ar.

Este post é um oferecimento do pseudofilosofia, onde você tem sempre mais, e de graça.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Não deu

No princípio criou Deus os céus e a terra.
E tudo era muito bom.
E Deus criou o homem.
E o homem estragou tudo.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Pior

Se alguém almeja tornar-se uma pessoa pior - e sempre é possível ficar pior - tornar-se gerente de qualquer empresa pode ser um meio bastante eficaz.
Não sei porque a maioria dos gerentes que conheço são pessoas indesejáveis. Se não concorda pergunte a qualquer miserável assalariado, subordinado a qualquer gerente igualmente assalariado.
Acho que o Eric Arthur Blair tinha razão com aquela estória. Não se deve confiar em porcos.
Está aí a gripe suína que não me deixa mentir sozinho.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Original

Eles perceberam que as traduções não eram fiéis ao texto original! 
Os tradutores selecionavam as palavras que mais lhes agradassem a fim de trazerem para o vernáculo o que acreditavam - ou queriam acreditar - estar escrito no texto antigo.
Então resolveram traduzir por si mesmos, diretamente das pimeiras letras. Agora, pensaram eles, temos o texto mais fiel ao original. Temos o próprio espelho da exordial escritura em nossa própria língua!
Tolos.
Não percebem que o próprio original é também tradução de idéias anteriores: contadas, ouvidas, vistas, lidas, ascultadas, mescladas, amalgamadas, miscigenadas, misturadas e reencarnadas nas letras hebraicas e aramaicas e gregas e latinas.
O original não existe.
Nunca existiu.